segunda-feira, 7 de outubro de 2019

"Face da mudança" - Lucas Evangelista



Nesta última jornada de provas europeias estivemos em Guimarães, de olhos postos num Vitória Sport Clube que conquista cada vez mais protagonismo em Portugal.

O confronto entre os portugueses e os alemães do Eintracht Frankfurt foi intenso. O povo vimaranense inspirava e expirava cânticos a alto som, procurando promover os seus lutadores a autênticos Conquistadores.

Não é por ser português, mas o Vitória SC merecia outro desfecho. Lutou como um verdadeiro David mas, ainda assim, viu Golias aproveitar-se de uma pequena desconcentração para abater o “pequeno”.

Num grande jogo vitoriano, a maioria dos elementos da equipa esteve em destaque. Nomes como Sacko, Edwards e Mikel estarão dentro do lote das grandes estatísticas, mas preferimos destacar um atleta que já há poucos anos se apresentou aos portugueses. Falamos de Lucas Evangelista, o médio ofensivo que em 2017/18 esteve emprestado ao Estoril Praia, proveniente da Udinese.

O esquerdino brasileiro, de 24 anos, brilhou no último terço do terreno, frente à equipa de Frankfurt. Foi com a assinatura dele que muito do perigo ocorreu, fosse com os seus passes que queimavam metros ao adversário ou com a magia com que, aqui e acolá, fugia dos adversários - recordo-me mesmo de um movimento técnico entre dois atletas do lado visitante, onde Lucas Evangelista fugiu à marcação através de um túnel sobre um deles. Foi o suficiente para levantar o estádio.

Na altura em que foi apresentado no Vitória SC, lembrei-me dos seus momentos artísticos quando jogava pela zona centro do nosso país. Os golos e os momentos que facilmente criava sozinho, mesmo que isso o deixasse ficar com o papel de jogador individualista. Ainda assim, notava-se já uma qualidade diferenciada e, bem lapidado, podia tornar-se num jogador acima da média.

Pelo menos eu via isso.

Neste último jogo, em que me concentrei nos Conquistadores, vi um Lucas Evangelista deliciar-me com o mesmo pé esquerdo de sempre, mas com uma maturidade que não lhe era reconhecida há duas épocas atrás.

Até ao momento, o médio com características ofensivas leva um golo e duas assistências em sete jogos oficiais, aproximando-se assim rapidamente dos números obtidos na sua última passagem por Portugal.

Atrevo-me a dizer que o brasileiro me faz recordar Juan Fernando Quintero. Nas suas semelhanças e diferenças, entenda-se que o desejo em ver um artista “da bola” triunfar no nosso país e ser bem acarinhado é grande.

Com a saída de Portugal, perdi-lhe o rasto. Contudo, sinto-me motivado a olhar novamente para o seu percurso daqui em diante, agradecendo a Ivo Vieira por trazê-lo de volta e deixá-lo, mais uma vez, encantar-me.


Previsão de transferência: De momento, o Vitória SC não tem a totalidade dos seus direitos. O jogador veio a título de empréstimo com opção de compra, proveniente do clube francês Nantes.

O facto de ter retomado a Portugal, para além da iniciativa provável do treinador, faz-me acreditar que a sua vida fora desta liga não tem sido fácil. Foram 19 jogos num Nantes de um outro treinador português (Miguel Cardoso), onde apenas marcou um golo.

A sua vida parece estar nas mãos dos técnicos portugueses, sobretudo nas mãos do comandante da tripulação vitoriana que, caso não saia do clube, terá uma palavra a dizer no fim da época quanto à continuação ou não de Lucas na equipa portuguesa.

A meu ver, Lucas Evangelista terá o seu lugar de destaque em Guimarães e poderá ser uma importante ajuda numa época que se espera muito boa.

A seu tempo, considero que o melhor será confirmar que vale a pena o seu investimento. Prosseguir no Vitória SC, com sorte, com uma possível continuidade do técnico atual, seria a melhor solução para se continuar a afirmar, sobretudo a curto prazo.

Em boa verdade, não o entendo como jogador para saltar para um grande português, pois receio que possa viver entre o banco e a bancada, com dificuldades em conquistar o seu lugar. Mas é um jogador que se quer ver com bola e, no seu eventual crescimento de carreira, o melhor destino será sempre uma equipa que não tenha medo de assumir o jogo, à semelhança do Vitória SC de Ivo Vieira.

Último requisito? Uma equipa que se estabeleça anualmente em posições de disputar a segunda maior prova europeia, pelo menos.

Posto isto, que se mantenha bem acarinhado e que possamos acompanhá-lo semanalmente e a este Vitória SC que ainda nos vai surpreender mais.

Portugal faz-lhe bem!

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