Nesta última jornada de provas europeias estivemos em Guimarães, de olhos postos num Vitória Sport Clube que conquista cada vez mais protagonismo em Portugal.
O confronto entre os portugueses e os alemães do Eintracht
Frankfurt foi intenso. O povo vimaranense inspirava e expirava cânticos a alto
som, procurando promover os seus lutadores a autênticos Conquistadores.
Não é por ser português, mas o Vitória SC merecia outro
desfecho. Lutou como um verdadeiro David mas, ainda assim, viu Golias
aproveitar-se de uma pequena desconcentração para abater o “pequeno”.
Num grande jogo vitoriano, a maioria dos elementos da equipa
esteve em destaque. Nomes como Sacko, Edwards e Mikel estarão dentro do lote
das grandes estatísticas, mas preferimos destacar um atleta que já há poucos
anos se apresentou aos portugueses. Falamos de Lucas Evangelista, o médio
ofensivo que em 2017/18 esteve emprestado ao Estoril Praia, proveniente da
Udinese.
O esquerdino brasileiro, de 24 anos, brilhou no último terço
do terreno, frente à equipa de Frankfurt. Foi com a assinatura dele que muito
do perigo ocorreu, fosse com os seus passes que queimavam metros ao adversário
ou com a magia com que, aqui e acolá, fugia dos adversários - recordo-me mesmo
de um movimento técnico entre dois atletas do lado visitante, onde Lucas
Evangelista fugiu à marcação através de um túnel sobre um deles. Foi o
suficiente para levantar o estádio.
Na altura em que foi apresentado no Vitória SC, lembrei-me
dos seus momentos artísticos quando jogava pela zona centro do nosso país. Os
golos e os momentos que facilmente criava sozinho, mesmo que isso o deixasse
ficar com o papel de jogador individualista. Ainda assim, notava-se já uma
qualidade diferenciada e, bem lapidado, podia tornar-se num jogador acima da
média.
Pelo menos eu via isso.
Neste último jogo, em que me concentrei nos Conquistadores, vi um Lucas Evangelista
deliciar-me com o mesmo pé esquerdo de sempre, mas com uma maturidade que não
lhe era reconhecida há duas épocas atrás.
Até ao momento, o médio com características ofensivas leva
um golo e duas assistências em sete jogos oficiais, aproximando-se assim
rapidamente dos números obtidos na sua última passagem por Portugal.
Atrevo-me a dizer que o brasileiro me faz recordar Juan
Fernando Quintero. Nas suas semelhanças e diferenças, entenda-se que o desejo
em ver um artista “da bola” triunfar no nosso país e ser bem acarinhado é
grande.
Com a saída de Portugal, perdi-lhe o rasto. Contudo,
sinto-me motivado a olhar novamente para o seu percurso daqui em diante,
agradecendo a Ivo Vieira por trazê-lo de volta e deixá-lo, mais uma vez,
encantar-me.
Previsão de
transferência: De momento, o Vitória SC não tem a totalidade dos seus
direitos. O jogador veio a título de empréstimo com opção de compra,
proveniente do clube francês Nantes.
O facto de ter retomado a Portugal, para além da iniciativa
provável do treinador, faz-me acreditar que a sua vida fora desta liga não tem
sido fácil. Foram 19 jogos num Nantes de um outro treinador português (Miguel
Cardoso), onde apenas marcou um golo.
A sua vida parece estar nas mãos dos técnicos portugueses,
sobretudo nas mãos do comandante da tripulação vitoriana que, caso não saia do
clube, terá uma palavra a dizer no fim da época quanto à continuação ou não de
Lucas na equipa portuguesa.
A meu ver, Lucas Evangelista terá o seu lugar de destaque em
Guimarães e poderá ser uma importante ajuda numa época que se espera muito boa.
A seu tempo, considero que o melhor será confirmar que vale
a pena o seu investimento. Prosseguir no Vitória SC, com sorte, com uma
possível continuidade do técnico atual, seria a melhor solução para se
continuar a afirmar, sobretudo a curto prazo.
Em boa verdade, não o entendo como jogador para saltar para
um grande português, pois receio que possa viver entre o banco e a bancada, com
dificuldades em conquistar o seu lugar. Mas é um jogador que se quer ver com
bola e, no seu eventual crescimento de carreira, o melhor destino será sempre
uma equipa que não tenha medo de assumir o jogo, à semelhança do Vitória SC de
Ivo Vieira.
Último requisito? Uma equipa que se estabeleça anualmente em
posições de disputar a segunda maior prova europeia, pelo menos.
Posto isto, que se mantenha bem acarinhado e que possamos
acompanhá-lo semanalmente e a este Vitória SC que ainda nos vai surpreender
mais.
Portugal faz-lhe bem!

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