domingo, 24 de novembro de 2019

"Face da mudança" - Gonçalo Paciência


Paciência é uma virtude e, para Gonçalo, esta está-lhe no sangue.

Sim, Gonçalo Paciência é o destaque desta edição de “Face da mudança”. Numa altura em que ingressou os convocados da seleção nacional, jogou o seu primeiro jogo oficial e, para além disso, marcou.

O avançado português é filho de um outro tanto conhecido do futebol nacional – Domingos Paciência. Domingos esse que marcou várias gerações tripeiras, com 381 jogos e 143 golos pelos dragões (465 jogos e 158 golos, na carreira).

Podemos encarar a definição no golo como transitória de pai para filho, já que Gonçalo encontrou o caminho para o golo por 53 vezes, em 183 partidas disputadas. Estando ainda muito a tempo de conquistar a meta que o próprio pai estipulou com “Paciência”.

Atualmente, Gonçalo Paciência está numa idade que pode ser encarada como o centro da carreira. Com 25 anos parece estar a formar-se um verdadeiro jogador, um ponta de lança com características muito proveitosas para o futebol atual.

Contudo, nem sempre foi assim.

Gonçalo, na minha ótica, era há alguns anos um atleta que eu entendia como sendo «só mais um».

É verdade. Inicialmente não dei grande coisa por ele, mas hoje em dia sou capaz de reestruturar os meus pensamentos e dar-lhe o devido destaque. Esse destaque que verdadeiramente merece.

No entanto, não me condeno por anteriormente o ter descartado dos grande palcos. Ele, mais que ninguém, saberá que o devido valor que agora lhe dou – como muitos devem dar – surgiu no momento em que o próprio se quis superar.

Recordo-me que na época 2016/2017 vi uma nova faceta de Gonçalo Paciência. Parecia que, desta vez, fugia das sombras do FC Porto e, possivelmente, da imagem que o pai tinha traçado no clube.

Não estava totalmente desvinculado dos dragões, mas um empréstimo ao Rio Ave FC parecia ser altamente positiva. Sobretudo, depois de uma passagem muito pobre pela Olympiacos FC.


Na equipa vilacondense, era sobre as mãos de Luís Castro que o avançado ia ganhando o seu ritmo, dando alguma alma ao último quarto de hora das partidas ou tentando inovar o jogo do técnico português que na altura já tinha um ideal de jogo evoluído.

O tempo de jogo não lhe garantia, de todo, grandes oportunidades, mas já era excelente para tratar de o colocar num patamar de primeira liga. Assim, finalizou a época com 15 jogos e 1 golo pelo Rio Ave FC.

«É esta época!» - tenho a certeza que aqui começou tudo de forma oficial.

Um empréstimo ao Vitória de Setúbal parecia ingrato para um jogador como o Gonçalo. Mas, pelas estatísticas da época transata, este parecia ser dos poucos projetos competitivos que ainda acreditava no papel do jovem de 23 anos.

Só estávamos a meio da época 2017/2018 quando o clube portuense fez regressar Gonçalo Paciência. Era impossível que não acontecesse algo do género, já que o ponta de lança levava 11 golos em 25 jogos pelos sadinos, o que por si era muito bom.

Ainda assim, no final da época perguntamo-nos: Porque é que fizeste o miúdo perder minutos de jogo, FC Porto?

Recentemente, Fernando Santos diagnosticou isso mesmo. Através da redação do MaisFutebol salientou «André Silva esteve sempre connosco, Éder esteve tantas vezes connosco… o único que não esteve foi Paciência (…) infelizmente para ele, foi transferido para o FC Porto, onde não teve oportunidade de jogar regularmente.».

Acredito que as intenções do clube não eram más. Contudo, a prata da casa estava a ficar estragada porque havia dificuldades em integrar o atleta no estilo de jogo de Sérgio Conceição.

Provavelmente o fim da época marcou um reconhecimento disso mesmo pelo FC Porto e, portanto, marcaram viagem com destino a Frankfurt ao atleta.

Até agora, Gonçalo Paciência parece um miúdo feliz. Um miúdo que voltou a viver com a intensidade de uma criança que aproveita todos os intervalos das aulas para correr e viver a paixão de “dar uns chutos na bola”, retomando à sala com o suor a escorrer-lhe pelo rosto e uma felicidade tremenda.

Para essa criança, os jogos no chão de pedra da escola são como uma final das provas europeias. Finalmente, para Gonçalo, esse é cada vez mais um sonho tornado realidade.

O Eintracht Frankfurt tem dado que falar e o Gonçalo tem estado por dentro desse destaque. Esta época, vestiu por 23 vezes a camisola do clube e esteve envolvido em 12 golos (9 golos marcados e 3 assistências), em provas oficiais.

Previsão de transferência: Já provém da época passada a vontade em assumir abertamente, do que com mais que uns quantos amigos, a ideia que o português poderá ser o sucessor de Robert Lewandowski.

Vejo Gonçalo como um ponta de lança bastante capacitado para aquilo que tem sido o futebol atual e aquilo que acredito que poderá vir a ser.

Num todo atleta de 1,84 metros, o já não tão jovem Paciência parece apenas necessitar de algumas afinações na definição. Isto é, ganhar alguma frieza no último momento da jogada, seja para golo ou para a assistência.

Gosto de destacar que é um ponta de lança com capacidade para se movimentar com e sem bola, podendo assim garantir um leque extenso de opções para a sua equipa. Com os pés ou com a cabeça trabalha bem e, essencialmente, tem tendência a estar no sítio certo à hora certa [e isso também se trabalha!].

Como disse, acredito que tem potencial para cruzar o seu destino em Munique. Pode é demorar mais dois ou três anos, esperando que o polaco comece a perder algum ritmo face à idade.

Não será descabido pensar nesta possível transferência. Primeiro, porque Gonçalo tem perfil para assentar no esquema do Bayern e, em segundo, porque este clube costuma reforçar-se pela Bundesliga, sobretudo nesta posição de avançado.

Acredito que muita gente possa pensar que estou "louco" em pensar assim. Mas, também conheço gente que depois de olhar ao português com mais atenção, reestruturou a sua opinião sobre o assunto.

Até ver, que continue a ajudar a equipa de Frankfurt nestes passos de sucesso.

Força Gonçalo!

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