Médio. Português. 22 anos. Bulo é a eterna «Águia da Musgueira».
Renato Sanches nasceu em Lisboa, mais concretamente na
Musgueira. Entre as nacionalidades africanas dos pais, o jogador é um bom filho
de Portugal e é o nosso destaque desta semana.
O centro campista que atua no Bayern de Munique teve uma
vida curta no Recreativo Águias da Musgueira, onde tudo começou. Foi destaque
no clube da sua zona e acabou por se mudar para a SL Benfica com apenas 9 anos.
Das Águias da Musgueira para as águias do Seixal, Renato foi
escalando pouco a pouco no clube, conforme a sua idade e qualidade, até que se
tornou jogador profissional pela equipa B da SL Benfica. Tinha apenas 17 anos e
nem o próprio contava que os seus trinta e nove jogos e três golos, na primeira
época, o levariam à equipa principal na temporada seguinte.
Bulo, alcunha que
também lhe é atribuída, conquistou em 2015/2016 um lugar de destaque na SL
Benfica e isso valeu-lhe o primeiro grande contrato da sua vida. E, mais tarde,
uma transferência recorde para o clube da Luz, com 35 milhões limpos mais 45
milhões em objetivos oferecidos pelo Bayern de Munique.
Para além da SL Benfica, Renato Sanches teve também o seu
momento de glória na seleção nacional.
Com Fernando Santos ao leme de Portugal, o rapaz da
Musgueira foi tendo a sua oportunidade, sendo que no Campeonato da Europa de
2016 tornou-se mesmo um dos jogadores mais importantes da nossa conquista.
Ninguém se esquecerá do seu momento frente à Polónia que, através de um remate
forte e fora de área, ditou o empate e nos levou à marcação de penáltis. No fim
de tudo, saiu do torneio com uma medalha de primeiro lugar e um título de
campeão pelo seu país. Foi mesmo a cereja no topo do bolo.
O ano 2016 não acabaria sem que o mesmo fosse eleito o Golden Boy.
O Bayern de Munique vivia uma outra transição na época. Pep
Guardiola despedia-se da Alemanha, rumando a Manchester, e Carlo Ancelotti
passava a integrar o cargo de timoneiro da equipa bávara.
Renato Sanches já teria surgido como grande referência para
o meio campo através do técnico espanhol, mas várias fontes ditam que o
treinador italiano que o sucedeu foi quem pediu inteiramente a contratação do
jovem jogador português.
Ainda que com várias partidas disputadas (53), Renato nunca
pareceu entender-se totalmente no esquema tático que os treinadores procuraram
ter no Bayern de Munique.
Em 2017/2018 chegou a ser emprestado ao Swansea City, e as
esperanças aumentaram, mas a verdade é que o jogador não conseguiu render da
melhor maneira e acabou por apenas disputar quinze jogos.
Nos dias de hoje vive alguma infelicidade. Sem confiança e
minutos de jogo.
Karl-Heinz Rummenigge, dirigente do clube, acredita que
ainda há espaço no plantel para o português. Mas, pelo que se viu na última
partida, continua a ser para estar fora dos principais elementos.
Renato pede a mudança.
Previsão de
transferência: Se fosse para acontecer, gostava de voltar a ver o Golden Boy 2016 a regressar às suas
origens, pelo comando do inconfundível Bruno Lage, que tem uma certa aptidão para
desenvolver e lapidar os seus recursos humanos.
Renato Sanches é um atleta que necessita de recuperar a sua
confiança em campo e dentro de um coletivo. Nada melhor seria do que ver este
atleta a retomar a casa e revoltar-se destes últimos anos na nossa Liga NOS.
Com o Bayern de Munique à procura de preencher o preço que
este rapaz custou ao clube, sabemos que a venda a título definitivo à SL
Benfica é um cenário improvável. Mas, sempre existe a opção de poder haver um
acordo de empréstimo, que a ser bem analisado poderia ser a melhor solução para
as três partes em causa – o jogador, a SL Benfica e o Bayern de Munique.
No caso do clube da Luz, acredito que a irreverência de
Renato e a sua anterior passagem e formação pelo clube, trariam a Bruno Lage um
bom companheiro, e também elemento competitivo, para puxar cada vez mais por
Florentino Luís, que caminha a passos largos para a maturidade. Para além
disso, Fejsa que não caminha para novo e já rompe na condição física, mas ainda
assim o técnico não o descarta, acabaria por poder sair em descanso da equipa.
Quanto a Renato Sanches, acredito que encontraria no seu
ex-clube uma nova bifurcação onde teria uma segunda oportunidade para tomar uma
nova decisão para a sua carreira. É um jogador que facilmente se adaptaria
novamente à liga e, portanto, podia recuperar toda a confiança, tanto de jogo
como mental, para reafirmar-se no futebol europeu.
Por fim, a parte que se parece incomodar mais. O Bayern de
Munique com um acordo de um ano ou ano e meio de empréstimo, caso o atleta
fosse transferido em janeiro, podia reduzir um pouco os valores do salário do
mesmo, se cruzasse ideias com a SL Benfica, ou até mesmo ter um pequeno
retorno, a curto prazo, face ao empréstimo. Ainda assim, e correndo um risco
que não me parece grande, o Bayern dependeria do momento do jogador, em Lisboa, para que no fim do empréstimo um clube com capacidade monetária suficiente,
para as pretensões do clube, se chegasse à frente para a obtenção da maioria do
passe de Renato.
A história com Renato Sanches tende a demorar. Mas apenas
espero que termine como as belas histórias infantis: «e viveu feliz para
sempre.».
Os empréstimos de jogadores, ainda nos dias de hoje, são
vistos de forma absolutamente contrária àquilo que deviam ser verdadeiramente.
A prática do empréstimo a favor do desenvolvimento do
próprio jogador, e até do futuro do clube, tem vindo a ser ultrapassada pela
força económica que os demais interessados tendem a conseguir impor nas
negociações pelo atleta.
Às vezes - e porque o futebol não pode ser pensado a curto
prazo - temos situações de atletas que são emprestados a determinados clubes
por influência do preço pago pelo acordo ou pelas cláusulas que vão acalmando o
capital do clube, e acabam por não singrar para onde foram transferidos.
Porventura, para além do clube que o obteve por empréstimo, existiam outras
opções que se podiam adaptar mais ao atleta, podendo-lhe até ser garantida a
titularidade na maioria dos jogos para que o mesmo não perdesse o ritmo de
jogo, pelo menos.
No fim de contas, o jogador a curto prazo podia não ter
rendido nada ao clube, mas após o período de empréstimo (longo prazo), podia
estar pronto a assumir uma posição na equipa ou até ter interessados em
garantir o passe do atleta por uma quantia que valesse a sua qualidade e o
tempo despendido fora.
Num outro contexto, a tão conhecida Parábola dos Talentos reflete a situação daqueles que não aplicam
devidamente os seus “talentos”.