sexta-feira, 29 de novembro de 2019

"O que te faltou?" - Geração coragem

Em tempo de chuva, quem diria não a umas férias em terras algarvias?

Numa daquelas semanas de verão, onde a maior preocupação é manter o quarto de hotel fresco, para quando se voltar da praia ou da piscina (não quero diferenciar preferências), o corpo possa descansar e apreciar um bom momento de relaxe.

Uma introdução aleatória para uma pequena história, ainda antes de mais uma opinião feita.

Numa dessas semanas em que os meus pais me levavam a mim e à minha irmã para sul, para uma semana longe dos seus trabalhos, jogava-se a final do mundial sub-20. Certamente conseguem acompanhar-me nesta calendarização e não vos é nada estranho o dia 21 de agosto de 2011.

Mas recuemos umas horas…

Em jeito de curiosidade, quem nunca disputou com a sua irmã o comando da televisão?

Nesse dia foi a decisão mais fácil!

Fica ela com o comando, assim adormece e terei tempo para ver o jogo como bem quero. Interesseiro? Talvez… Mas justificou o ato.

Na Colômbia, em Bogotá, um jogo muito interessante ía ser disputado, cheio de talento em ambos os “onze”, dos quais já vamos falar, e que acabou da pior maneira.

O Brasil foi campeão e Portugal, mais uma vez, no “quase”.

Óscar foi decisivo, já no prolongamento selava uma exibição de gala, com o último de três golos, que matava aí o jogo. Os portugueses acusavam já demasiado cansaço para responder.

Resultado final 3-2, golos de Óscar para o Brasil, Alex e Nélson Oliveira marcaram pela turma das quinas.

Passando ao que esta rubrica se trata, vejamos os convocados:

Os nomes do lado canarinho são bem conhecidos, muito por culpa dos altos voos que a maior parte dos jogadores atingiu, casos de Danilo, Casemiro, Juan, Oscar, Coutinho, Alex Sandro e Dudu (referência do Palmeiras). Destaco ainda o avançado Henrique que acabou a prova como melhor marcador, mas a carreira de sénior passou muito ao lado daquilo que se esperava. Até o devem conhecer por Henrique Dourado, avançado que o ano passado representou o Belenenses Sad.

Digamos que o saldo geracional acabou por ser bastante positivo e, contas feitas, corresponderam àquilo que se esperava. Ou seja, chegar à seleção principal e aos grandes clubes europeus, sendo figuras das provas onde participam e, como qualquer brasileiro de destaque, nome reconhecido na Champions League.

Do lado “tuga” nem por isso…

A ilusão era muita para a maior parte. Eram comparados à geração de ouro que em 1991 ganhou destaque com nomes como Figo, Rui Costa, Fernando Couto, Capucho, Jorge Costa, Paulo Alves e Paulo Sousa. Estes novos atletas mostravam uma menor qualidade técnica ou nível de estrelato, mas destacava-se uma entrega ao jogo fantástica e um coletivo muito coeso, que expressou os 0 golos sofridos até à final de 2011.

Foi um feito considerável que lhes valeu o apelido de “Geração Coragem”.

Se de valentia se apelidavam, o fator “cabeça” não deveria levantar muitas dúvidas. A adaptação ao futebol profissional não deveria ser problema. Mas não deram o passo!

O que vi foi sempre jogos intensos, à data. Miúdos caracterizados pela força de Danilo, Pelé e Sérgio no meio, a explosão de Nélson Oliveira na frente, a competência e simplicidade de Roderick, Nuno Reis e por vezes Tiago Ferreira na retaguarda, a segurança de Mika e o desequilíbrio entre Cédric, Mário Rui e Caetano. Eram processos simples, mas demonstravam a maturidade suficiente para vencer o virtuoso futebol das camadas jovens sul-americanas, que habitualmente se apresentava com a sua técnica de rua irreverente. Competentes em campo, com a sua entreajuda iam superando todos esses adversários. Vencemos uma França por 2 a 0, quando contavam com Coquelin, Griezmann e Lacazette no plantel!

Com isto, esperava um salto e impacto muito maior para esta geração!

Eram jovens já cotados em Portugal.

Pelé nos sub20 do AC Milan, era muito cobiçado. Danilo, Mika, Roderick, Nélson Oliveira, Luís Martins e Mário Rui eram craques já falados dos juniores da SL Benfica. Amido Baldé, Cédric e Nuno Reis, nomes esperançados do Sporting CP. Caetano, Sérgio Oliveira e Tiago Ferreira eram as promessas portistas. Rafael Lopes (Varzim) e Júlio Alves (Rio Ave) apareciam como outsiders.

Nem tudo o que parece é…

Com mais um grande desempenho das quinas, esperava-se logo uma afirmação destes jogadores e que em 2 ou 3 anos fossem apostas dos seus clubes e figuras da seleção. Mas nada disto aconteceu. Vejamos...

  • Com jogos na seleção A: Danilo, Nélson Oliveira, Mário Rui, Cédric e Sérgio Oliveira.
  • Num dos três grandes: Sérgio Oliveira, Danilo e Cédric.
  • É justo colocar Mário Rui pelo que tem feito em Nápoles.


Aos outros o futuro não reservou grandes hipóteses. Tenho ouvido falar de Mika e Ricardo dias, que tive o prazer de ver ao vivo pela Académica, no campo do Varzim. Nélson Oliveira ouvi falar há sensivelmente meia época pelos bons jogos em Nottingham. Caetano esteve no Penafiel e agora está sem clube. Por fim, Rafael Costa vou acompanhando pelo serviço prestado no Boavista.

Nenhum destes jogadores acabou por se afirmar como indiscutível na seleção. Apesar de campeões europeus, Danilo e Cédric nunca foram grande destaque ou imprescindíveis. Mas se esta fosse a previsão após aquele mundial sub20, saberia a pouco… Pareceria injusto!

O que faltou?

A falta de oportunidade!

Não digo para todos, porque certamente muitos não chegariam lá. Não teriam estaleca para um compromisso diferente e para uma vida profissional onde primeiro somos segundas ou terceiras escolhas, até ao dia em que nos afirmarmos como primeira opção. O ego de estrela em todas as camadas jovens afeta a realista consciência na idade adulta, onde a escolha é maior e a exigência superior. A regularidade é testada e todos nos vêem. Todos se preocupam em criticar ou gostar. Isso afeta e, aí, só os maduros vencem.

Mas vejamos uns exemplos.

Mário Rui saiu para Itália, cresceu nos pequenos clubes até chegar - já tarde -  a um grande da Serie A. Chegou por mérito e trabalho próprio até ser, na minha opinião, o melhor lateral esquerdo português da atualidade.

Danilo saiu do Benfica e ganhou espaço lá fora, até voltar para o Marítimo. Rumou ao Porto onde agora é titular.

Sérgio Oliveira foi o mais jovem de sempre a estrear-se pelo Porto e tenta ser referência do plantel, agora com 27 anos.

Cédric foi rodando por equipas portuguesas, até se afirmar no Sporting, chegar à seleção e rumar a Southampton, à Premier League.

Nélson Oliveira tentou no Benfica e o clube tentou com ele. Simplesmente não deu. Não era para ele ser jogador de referência na área. É um jogador móvel com força e técnica, tanto enfrenta os centrais no ar, como os laterais pelo drible, mas não é de “toque” de bola, não é ideal para um jogo muito elaborado. Vive da explosão!

Todos estes são jogadores que nunca se valeram pela magia em campo… São os jogadores de luta e entrega, que antes de inventar, simplificam o jogo, tornando-o num conjunto de processos treinados e essencialmente já conhecidos. Preocupam-se em saber onde estão e o que têm de fazer bem.

Numa altura em que começava a dar cartas o futebol total de Cruyff, na expressão de Guardiola, o mundo enchia-se de entusiasmo e fantasia com esta ideia de jogo. Os adeptos procuravam isso nos seus jogadores e os treinadores começavam a olhar com razão!

Um central pontapear uma bola para a frente? Nunca! Tem de querer “jogar”. Um médio sem fazer um passe vertical entre linhas? Fraco! Nem que defenda bem, tem de querer “jogar”. Um lateral fazer a linha e passar nas costas do extremo, só para cruzar? Não! Procura jogo interior, vem para dentro e passa na frente do extremo. Tem de querer “jogar”.

A obsessão por uma ideia única e certa parecia fechar os olhos ao mundo do futebol e tornar como requisito essencial as características de cada jogador daquele plantel do Barcelona.

Felizmente, o futebol pode ser interpretado de muitas formas!

Dentro do jogo pode haver várias mentalidades, consoante a circunstância, e os plantéis devem ser construídos para isso. Se assim tivesse sido, estes jogadores teriam tido mais espaço, porque hoje em dia já é admissível esta filosofia. Hoje, já nem todo o jogador necessita de saber fintar ou fazer um último passe. Um defesa pode apenas defender. Pode ser essa a sua função, por estranho que pareça!

E os olhos para a formação? Esses mudaram com essa cantera da La Masia.

Agora querem que todos sejam um Messi, Xavi, Iniesta, Busquets ou Piqué. Dão-lhes minutos a titular, sem antes terem começado como suplentes, mas vocês “corajosos de 2011” chegaram tarde para isso. Não teriam de ter suado tanto, poderiam mostrar-se com mais tempo e mais paciência. Paciência essa que o adepto agora tem para com um jogador da sua formação…

Mas não importa!

Se nem todos vingaram, os que à Champions chegaram levam consigo o rótulo da coragem que a vós vos incutiram. Tiveram de sair e enfrentar o desconhecido para cumprir o seu sonho…

E por último, OBRIGADO!

Com o mesmo orgulho que tive às 4 da manhã do dia 21 de agosto de 2011, aplaudo-vos por terem sido uma “semente” no despertar da formação portuguesa. Essa mesma é agora cotada em todo o mundo!

"Nação valente e imortal", entusiasmada homenagem à "geração CORAGEM".

domingo, 24 de novembro de 2019

"Face da mudança" - Gonçalo Paciência


Paciência é uma virtude e, para Gonçalo, esta está-lhe no sangue.

Sim, Gonçalo Paciência é o destaque desta edição de “Face da mudança”. Numa altura em que ingressou os convocados da seleção nacional, jogou o seu primeiro jogo oficial e, para além disso, marcou.

O avançado português é filho de um outro tanto conhecido do futebol nacional – Domingos Paciência. Domingos esse que marcou várias gerações tripeiras, com 381 jogos e 143 golos pelos dragões (465 jogos e 158 golos, na carreira).

Podemos encarar a definição no golo como transitória de pai para filho, já que Gonçalo encontrou o caminho para o golo por 53 vezes, em 183 partidas disputadas. Estando ainda muito a tempo de conquistar a meta que o próprio pai estipulou com “Paciência”.

Atualmente, Gonçalo Paciência está numa idade que pode ser encarada como o centro da carreira. Com 25 anos parece estar a formar-se um verdadeiro jogador, um ponta de lança com características muito proveitosas para o futebol atual.

Contudo, nem sempre foi assim.

Gonçalo, na minha ótica, era há alguns anos um atleta que eu entendia como sendo «só mais um».

É verdade. Inicialmente não dei grande coisa por ele, mas hoje em dia sou capaz de reestruturar os meus pensamentos e dar-lhe o devido destaque. Esse destaque que verdadeiramente merece.

No entanto, não me condeno por anteriormente o ter descartado dos grande palcos. Ele, mais que ninguém, saberá que o devido valor que agora lhe dou – como muitos devem dar – surgiu no momento em que o próprio se quis superar.

Recordo-me que na época 2016/2017 vi uma nova faceta de Gonçalo Paciência. Parecia que, desta vez, fugia das sombras do FC Porto e, possivelmente, da imagem que o pai tinha traçado no clube.

Não estava totalmente desvinculado dos dragões, mas um empréstimo ao Rio Ave FC parecia ser altamente positiva. Sobretudo, depois de uma passagem muito pobre pela Olympiacos FC.


Na equipa vilacondense, era sobre as mãos de Luís Castro que o avançado ia ganhando o seu ritmo, dando alguma alma ao último quarto de hora das partidas ou tentando inovar o jogo do técnico português que na altura já tinha um ideal de jogo evoluído.

O tempo de jogo não lhe garantia, de todo, grandes oportunidades, mas já era excelente para tratar de o colocar num patamar de primeira liga. Assim, finalizou a época com 15 jogos e 1 golo pelo Rio Ave FC.

«É esta época!» - tenho a certeza que aqui começou tudo de forma oficial.

Um empréstimo ao Vitória de Setúbal parecia ingrato para um jogador como o Gonçalo. Mas, pelas estatísticas da época transata, este parecia ser dos poucos projetos competitivos que ainda acreditava no papel do jovem de 23 anos.

Só estávamos a meio da época 2017/2018 quando o clube portuense fez regressar Gonçalo Paciência. Era impossível que não acontecesse algo do género, já que o ponta de lança levava 11 golos em 25 jogos pelos sadinos, o que por si era muito bom.

Ainda assim, no final da época perguntamo-nos: Porque é que fizeste o miúdo perder minutos de jogo, FC Porto?

Recentemente, Fernando Santos diagnosticou isso mesmo. Através da redação do MaisFutebol salientou «André Silva esteve sempre connosco, Éder esteve tantas vezes connosco… o único que não esteve foi Paciência (…) infelizmente para ele, foi transferido para o FC Porto, onde não teve oportunidade de jogar regularmente.».

Acredito que as intenções do clube não eram más. Contudo, a prata da casa estava a ficar estragada porque havia dificuldades em integrar o atleta no estilo de jogo de Sérgio Conceição.

Provavelmente o fim da época marcou um reconhecimento disso mesmo pelo FC Porto e, portanto, marcaram viagem com destino a Frankfurt ao atleta.

Até agora, Gonçalo Paciência parece um miúdo feliz. Um miúdo que voltou a viver com a intensidade de uma criança que aproveita todos os intervalos das aulas para correr e viver a paixão de “dar uns chutos na bola”, retomando à sala com o suor a escorrer-lhe pelo rosto e uma felicidade tremenda.

Para essa criança, os jogos no chão de pedra da escola são como uma final das provas europeias. Finalmente, para Gonçalo, esse é cada vez mais um sonho tornado realidade.

O Eintracht Frankfurt tem dado que falar e o Gonçalo tem estado por dentro desse destaque. Esta época, vestiu por 23 vezes a camisola do clube e esteve envolvido em 12 golos (9 golos marcados e 3 assistências), em provas oficiais.

Previsão de transferência: Já provém da época passada a vontade em assumir abertamente, do que com mais que uns quantos amigos, a ideia que o português poderá ser o sucessor de Robert Lewandowski.

Vejo Gonçalo como um ponta de lança bastante capacitado para aquilo que tem sido o futebol atual e aquilo que acredito que poderá vir a ser.

Num todo atleta de 1,84 metros, o já não tão jovem Paciência parece apenas necessitar de algumas afinações na definição. Isto é, ganhar alguma frieza no último momento da jogada, seja para golo ou para a assistência.

Gosto de destacar que é um ponta de lança com capacidade para se movimentar com e sem bola, podendo assim garantir um leque extenso de opções para a sua equipa. Com os pés ou com a cabeça trabalha bem e, essencialmente, tem tendência a estar no sítio certo à hora certa [e isso também se trabalha!].

Como disse, acredito que tem potencial para cruzar o seu destino em Munique. Pode é demorar mais dois ou três anos, esperando que o polaco comece a perder algum ritmo face à idade.

Não será descabido pensar nesta possível transferência. Primeiro, porque Gonçalo tem perfil para assentar no esquema do Bayern e, em segundo, porque este clube costuma reforçar-se pela Bundesliga, sobretudo nesta posição de avançado.

Acredito que muita gente possa pensar que estou "louco" em pensar assim. Mas, também conheço gente que depois de olhar ao português com mais atenção, reestruturou a sua opinião sobre o assunto.

Até ver, que continue a ajudar a equipa de Frankfurt nestes passos de sucesso.

Força Gonçalo!

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

"Fim de cena" - Claudio Marchisio

Aos trinta três anos de idade, o centro campista italiano anunciou o seu fim de cena devido a um problema associado às suas lesões.

Nascido a 19 de janeiro de 1986 e criado em Turim, não teve olhos para outro clube que não o da sua cidade natal!

Claramente, falamos do clube mais conhecido de Itália e um dos mais conhecidos do mundo, a Juventus.

Entrou para esta grande instituição com sete anos de idade. Cresceu com a Vecchia Signora bordada no seu peito e podemos afirmar que ainda hoje o seu coração se encontra junto a este emblema!
Subiu degrau a degrau e atingiu o seu sonho de miúdo.

Foi na época 2005/06, pelas mãos de Fabio Capello, que desceu da posição de segundo avançado para médio centro e teve a grande oportunidade.

Fazendo proveito do cliché, tudo o resto foi história.

Decididamente, jogar pelo seu clube natal era o seu maior objetivo e, depois de o atingir, o que se sucedeu?

Foi com alguma dor que se seguiu um empréstimo para outro clube dentro de Itália, o Empoli, mas sem opção de compra. Isto fazia crer que o crescimento tinha de ser feito pessoalmente, por parte de Marchisio, fora de casa. Mas acreditavam que no seu regresso podia ser bem aproveitado.

Após essa experiência adquirida, voltamos a perguntar: o que se seguiu?

Podemos responder de uma forma clara e, ao mesmo tempo, direta:

                 7 scudettos (campeonato italiano);
                 4 taças italianas;
                 3 supertaças italianas.

Apesar de todos os títulos conquistados, nem tudo foi um mar de rosas.

Quem não vive o futebol como eu vivo, pode não estar a par de um caso escandaloso que culminou com a descida de divisão da Juventus. Algo que seria insólito para qualquer um dos grandes, mas não é assunto para ser falado no dia de hoje.

Mesmo com essa descida, que podia ter “matado” o clube, Claudio foi um dos Homens com “H” grande, pois muitos poderiam ir em busca da fama e do dinheiro. Mas o amor que tinha pelo clube falou mais alto e conseguiu levar o clube para a ribalta, não só a nível nacional como também a nível mundial.

Em 2008, representou a seleção Italiana nos jogos olímpicos desse mesmo ano. Mas foi a 12 de Agosto 2009 que se estreou, num amigável frente à Suíça. Contabilizou 55 internalizações e contribuiu com 5 golos para a sua pátria.

Depois de ter uma lesão grave que o afastou por um grande período dos relvados, Marchisio voltou com mais força, mas nunca mais foi o mesmo.

Apesar da renovação de contrato até 2019, foi um choque para mim, e mais ainda para os adeptos da equipa italiana, ver o “pequeno príncipe” sair a custo zero para outro clube!

Foram 12 temporadas, mais coisa menos coisa, cerca de 400 jogos a representar a Juventus. Uma marca que para as crianças, ou “bambini” como os italianos dizem, é algo que lhes dá a crença de que é possível alcançar o sucesso com trabalho e muita dedicação.

Durante duas semanas, existiu muita especulação sobre o seu próximo passo. Foi associado, não só para clubes portugueses como também para grandes clubes europeus. No entanto, o Zenit foi o vencedor.

(Esta foi uma escolha que me deixou boquiaberto, mas sempre é melhor do que rumar à China em busca de dinheiro. Não, não estou a apontar o dedo a quem vai em busca disso. Apenas gosto demasiado deste desporto para pensar em algo que considero como secundário.)

Foi no dia 3 de Setembro de 2018 que o clube russo anunciou a sua contratação. Com as suas novas cores participou só em 15 jogos.

Um ano passou desde esta mudança e a notícia após a sua lesão foi oficialmente revelada - o fim de cena!

“Sou um miúdo de Turim, que sempre sonhou jogar em Turim, e joguei!”. Esta é a frase que me vem à mente depois do seu anúncio de final de carreira.

Dá que pensar: um miúdo que tinha um grande sonho, e que com muito trabalho desenvolvido e com muita crença conquistou o que na sua cabeça seria o céu!

Seria um dos jogadores que com a idade a aumentar, e principalmente sem lesões graves, não me importaria de ver e rever jogar pela qualidade que apresentava, pelo seu toque de bola, pela sua determinação e pela sua visão de jogo, que vinham ao de cima a qualquer momento da partida. Disso não me irei esquecer tão cedo!

Vamos ter saudades, Marchisio!

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

"Eu sobre a bola" - 1ª edição

Começo esta publicação com o seguinte excerto, retirado do Público:

«A FIFA anunciou esta quinta-feira que vai duplicar no seu código disciplinar o castigo mínimo previsto para intervenientes do futebol que tenham comportamentos racistas. (…) o novo código vai permitir que os árbitros interrompam um jogo de futebol por incidentes racistas, podendo mesmo dá-lo por encerrado e atribuir a derrota à equipa infratora (…)»

Com isto, quero “apontar o dedo” a dois pontos descritos e que me parecem ser de análise prioritária.

Porque uma boa história começa a ser contada a partir do fim, sinto que é essencial destacar a carga adicional que os árbitros passaram a ter no desenvolvimento do jogo.

O árbitro é, desde há muito, o incompreendido “mau da fita”. É o principal culpado pelos cinco penáltis que não assinalou, as dezassete faltas não assinaladas com consecutivo cartão amarelo e que, de forma acumulada, podiam ter resultado em três expulsões.

Em cima, é só e apenas a soma das fortes opiniões de jogadores, treinadores, dirigentes e adeptos sobre as variadas situações de jogo.

Imaginem-se a decidir um livre à entrada da área ao invés de um penálti. Imaginem-se a marcar uma grande penalidade, que gera dúvidas, no último minuto do encontro. Imaginem-se a avermelhar um jogador no primeiro quarto de jogo. Qual será a pressão em decidir um final de jogo, sem que o tempo tenha sequer terminado?

O árbitro começa a ter maior decisão final que o supremo tribunal, propriamente. À margem da autoridade, o “senhor juiz” está agora incumbido de ser os olhos e os ouvidos dentro e fora de campo.

É inapropriado dizer que o VAR é a resposta para todos os problemas. As dúvidas continuam a ser as mesmas e, quando a questão passa por culpar alguém, a maior vítima será aquele [e a sua equipa] que procura servir a justiça dentro das quatro linhas.

O VAR passou a ser um forte apoio do árbitro dentro de campo, mas acresceram os problemas fora do terreno de jogo. Numa outra perspetiva, puxou-se o cobertor numa ponta mas, do outro lado, sentem-se novas rajadas de vento.

Gostava de ter resposta para diluir estes pesos pesados da arbitragem que cismam em evoluir e não desaparecer. Penso que a maioria gostava de saber responder a isso e, de certo, não passaria por suportar a “teoria do cobertor”.

É com o desenvolvimento deste primeiro ponto que dou mote àquela que é a problemática principal [e retrógrada] que se tem destacado na recente época, num volte face à regra última lançada pelo maior organismo da modalidade. É a temática para a qual decidi escrever este artigo e espero sentir que lanço uma lufada de ar fresco que assente num futebol justo e para todos.

Qual não será o papel preponderante que um árbitro terá que assumir daqui para a frente sobre o jogo e, por sua vez, a batalha que terá para alinhar os seus chacras e encontrar uma resposta equilibrada para dar como encerrada uma partida, devido a ações racistas?

[A resposta equilibrada está assente sobre dois pontos: a questão emocional e a questão profissional. O árbitro tem um papel autoritário dentro de campo, mas fora das quatro linhas é uma pessoa como as outras. Ainda assim, ao olhar de outrem, estas pessoas continuam a vestir a camisola de cor fluorescente durante as suas vidas pessoais. Com este pequeno aparte, queria apenas deixar a noção de que além das decisões tomadas em terreno de jogo, o árbitro acaba por ter de viver na pressão de que todas as suas respostas podem ter as suas consequências.]

Posto isto, reside a dúvida sobre a regra estipulada à luta contra o racismo. O lado bom e o lado mau, se é que os há. O lado da justiça e o lado de quem infringe. O triângulo romântico entre equipa A [e os seus adeptos], equipa B [e os seus adeptos] e a equipa de arbitragem.  

Na noção natural das coisas, pergunto-me: existe necessidade de aplicar uma regra para contornar esta problemática? [Sim, digo contornar. A regra é só um esquema de colocar a criança a olhar para a parede durante um espaço de tempo e acreditar que ela não voltará a fazer o mesmo quando terminar o castigo].

A resposta da maioria será sempre em defesa dessa nova regra ou em aplicar uma diferente com o mesmo tipo de contorno.

A minha melhor resposta talvez passe por retirar os castigos e educar o povo.

Aproveitando para trazer a minha vida pessoal ao barulho, posso assumir que desde cedo os meus pais retiraram a ideia da cabeça de que para me educarem deviam colocar-me a estudar, retirar-me algo ou, simplesmente, ficar quieto em qualquer local aborrecido da casa. Eu, sabendo como contornar a situação, tinha a normal tendência de tirar a habitual sesta durante aquilo a que denominamos “castigo”.

Portanto, cresci com uma educação baseada no exemplo e na forma gratificante que era ver o quão aquilo que fazia de bom era valorizado, fosse de forma concreta ou abstrata.

O que quero verdadeiramente transmitir é que esta situação é triste. Mais triste é sentir que tudo é uma corrida contra a corrente e que o “caminho fácil” é aquele que a maioria vai optando.

Eu próprio já vivi na bancada momentos em que um adepto, ou mais, procuram atingir negativamente o atleta adversário segundo a sua cor. Esquecem-se, esses mesmos adeptos, que a equipa por quem eles torcem também apresenta atletas negros, brancos ou asiáticos.

E, mesmo que na ínfima hipótese, estes não torçam por um clube, torcem pelo desporto em si e, nesse mesmo, jogam todas as raças e culturas.

O ser humano não é uma só raça?

Tenho saudades do único momento em que a maior referência racial provinha de uma simples frase - “Oh chinês, atira a bola!”. Era um tempo de inocência, na esperança que a bola, que ultrapassava o muro da minha escola, voltasse.

Devido aos meus pés quadrados, nem penso contabilizar o número de bolas que foram e voltaram. Mas uma coisa vos posso dizer, mais de 50% das bolas que retomaram não deve ter sido o mesmo “chinês”.

Por fim, e porque me parece que veio mesmo na altura correta, faço minhas as palavras de um grande treinador que não tem medo de dizer o que deve verdadeiramente ser dito: «O futebol tem a tecnologia certa para parar estas pessoas. É inadmissível falar-se em raças em 2019. Só existe uma raça – a raça humana».

Obrigado Maurizio Sarri por, no final de tudo, apagares o cigarro no melhor dos cinzeiros.

FL






sexta-feira, 25 de outubro de 2019

"O que te faltou?" - Tarantini


Olá Ricardo Monteiro!

Sei que também tens o teu blog, por isso deves saber o gosto que é escrevermos sobre algo que nos fascina.

No meu caso é o desporto rei e nesse, para mim, foste senhor. Por isso, sê bem-vindo a este espaço da minha rubrica.

Senta-te, pega numa chávena de café ou de chá (a bebida quente parece-me algo preferível nestes dias de outono). Descontrai e disfruta. Espero que gostes!

Tarantini, de seu nome Ricardo Monteiro, nascido em Gestaçô, Baião, deu os seus primeiros passos como sénior no Covilhã, passando depois por Gondomar e Portimonense, até chegar ao seu novo lar, Vila do Conde.

Na terra nortenha, junto de outros tantos vilacondenses, adeptos rijos do seu Rio Ave, clube que representa a garra e tradições pesqueiras, Tarantini fez-se senhor. São 11 épocas, 381 jogos, 35 golos e 20 assistências. Se há longevidade como esta, mostrem-me!

A cada ano que passa, é pedra fulcral. Assenta em qualquer sistema, colocando-se no meio-campo da equipa vilacondense, tanto a 8, como a 6 ou a 10. Pessoalmente, gosto de vê-lo atuar à frente da defesa. É daqueles “trincos”, hoje em dia “pivots”, que não pede mais ninguém a seu lado. Tem a liberdade para chegar ao lado esquerdo ou lado direito para equilibrar a equipa, sem a preocupação de sobrepor a posição do colega. Certamente que nunca o fez porque demonstra muita inteligência em campo, mas precisa desse “ser livre”. Há jogadores assim…

Dele não devem esperar o corte mais bonito, o carrinho artístico ou a entrada mais dura para pôr em sentido o adversário. A finta mais bonita também não será dele. Mas falem-lhe de posicionamento ou simplicidade. Sentem-se no café com ele e perguntem. Não haverá melhor professor! Dois, três toques e bola para o colega. Espaço para queimar linhas? Passe vertical! Abertura interior? Corrida com bola! Atraímos, soltamos! A defender? Estar junto! Fazer a dobra aos dois “meias” ou “oitos” e se for preciso matar a jogada. Tranquilo, faltas simples e eficazes… Aquelas que não precipitam os árbitros a amarelos. Estamos apertados? Juntamos à defesa e todo o chuveirinho em frente à área eu disputo.

Calma. Tranquilidade. É voz de comando, e a braçadeira fica-lhe bem. Da inteligência vive este homem.

Que prazer senhor Ricardo!

O que te faltou?

A oportunidade? Mais uma vez refiro: uma diferente estratégia dos clubes grandes, em Portugal, ter-te-ía dado novos voos!

Certamente já foste motivo de conversa entre o treinador, o diretor-desportivo e o presidente. Mas nunca acreditaram em ti.

Mas quero fugir a isso, a isso que não controlaste, pois sempre mostraste ser capaz.

Foste regular em todas as épocas e és sempre um jogador a ter em atenção quando se defronta o Rio Ave. Jogas em várias posições e és forte no duelo aéreo. Bem, foi mesmo uma questão de oportunidade!

O futebol não te deu esse prémio, mas deixou-te a pensar naquilo que é a realidade futebolística no país. Eu também fui jogador amador e, por isso, conheço-a.

A ilusão que a todos cultiva, que só preenche um dia a ínfima parte dos que cá andam, mas que mesmo assim leva muitos a continuar na perseguição desse sonho, dessa sua paixão genuína.

Compreendeste-a e isso mexeu contigo. Esse teu espírito de mestre em campo, com a braçadeira, e na vida, com diploma de mestrado (doutorado agora), levou-te a conhecer as dificuldades que os jogadores atravessam no pós carreira. Esse não planeamento, essa não preparação ou, simplesmente, a não constatação com a realidade, coberta pela ilusão de ver a bola a rolar nos pés todos os dias, de ordenados interessantes para a população portuguesa e benefícios que outros não têm. Pensar no depois, que nem sempre acontece, e a exagerada vivência de um presente saboroso, sem ponderação futura e que acaba a atrair as consequências.
 
Corrige-me se errei, mas penso que foi isto que te motivou a avançares com “A Minha Causa”, um projeto teu que assume esse acompanhamento, aviso e ajuda das carreiras desportivas, naquilo que é o seu planeamento futuro. Naquilo que é ter solução para uma carreira que aos 35 anos deixa de ser possível!

Gostei de ler as tuas ideias e queria conhecer mais… Talvez um dia possa aprender isso contigo, quem sabe!?

Desejo que isto também seja mote para estes leitores conseguirem perceber e ver o que viste e, assim, poderem também ser potenciadores de outras soluções ou até mesmo serem ponderados.

Na falta da oportunidade que não te foi dada criou-se a virtude. A atenção dos teus olhos foi focada e agora conseguirás tu fazer mais nesta tua vida e na ajuda aos outros. Ficarás como um dos grandes da história portuguesa e um daqueles que mais tarde será falado por este projeto.

Pela tua lealdade aos vilacondenses, pelo teu amor pelo jogo e projeto futuro, serás sempre lembrado como capitão, nesse barco verde e branco que todos os anos se aventura nos difíceis mares do futebol.

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

"Fim de cena" - Tim Howard


Na edição deste “Fim de cena” iremos falar de alguém que pendurou as chuteiras e, ao mesmo tempo, fez descansar as suas luvas. Mais concretamente, refiro-me ao experiente guarda-redes Timothy Matthew Howard, mais conhecido por Tim Howard.

Nasceu a 6 de março de 1979, em North Brunswick, e o seu primeiro clube foi o North Jersey Imperials, onde realizou 6 partidas e foi levado para outra paragem pelo seu treinador de guarda-redes, Tony Coton, o mesmo que o introduziu neste desporto.

Foi a 18 de Agosto de 1998 que realizou a sua estreia na MLS com o MetroStars, executando 5 defesas e garantindo uma vitória por 4-1 sobre o Colorado. Curiosamente, foi a sua única aparição nesse ano.

Com poucas oportunidades pelo escalão principal, foi-se destacando pelas camadas jovens das seleções norte americanas, mais precisamente nos sub-20, chegando a competir no Mundial sub-20 realizado na Nigéria, em 1999.

Em 2001, tornou-se no mais jovem jogador da sua posição a ganhar o prémio de melhor guardião da MLS. Mas foi na temporada de 2002 que encontrou mais regularidade a nível competitivo, participando em 27 dos 28 jogos, chamando a atenção de clubes europeus.

Teve a sua primeira grande prenda a 10 de março de 2002, estreando-se pela seleção norte americana onde, mais adiante, conseguiu acumular 121 internacionalizações, 3 títulos da CONCACAF (2007, 2013 e 2017) e também o prémio de melhor guarda-redes na Taça das Confederações, em 2009.

Em 2003, o Manchester United exerceu o seu poder de compra e chegou-se à frente com 3.2M€ para a obtenção da maioria dos direitos do atleta. Foram 3 anos em que o americano realizou 77 partidas, conquistando a Supertaça de Inglaterra na sua estreia e a Copa da Liga Inglesa na sua "partida".

Com a compra do guarda-redes holandês Van der Sar, Howard saiu para o Everton, por empréstimo, de forma a ganhar mais tempo de jogo. Acabou por conseguir isso com sucesso e, assim, a sua transferência a título definitivo aconteceu no ano seguinte, por uma verba de 4.2M€.

Tim realizou 370 jogos. Tudo isso se traduz numa representação de 10 épocas ao serviço dos toffees, onde inclusive marcou um golo.

Uma história interessante para contar às futuras gerações: na temporada 11/12, frente ao Bolton, ao aliviar uma bola, conseguiu que a mesma entrasse na baliza após ter passado pelo redes adversário. Pena o resultado ter sido uma derrota por 1-2. Mas este golo valeu-lhe um registo histórico, pois apenas três colegas de posição foram capazes da mesma proeza, na Premier League.

Após este longo contrato ter chegado ao fim, regressou aos Estados Unidos para representar a equipa de Colorado, competindo novamente na MLS. Nessa segunda passagem, conseguiu chegar até às finais das confederações, perdendo para a equipa de Seattle, num agregado de 3-1.

A sua última partida foi frente à LAFC, que venceu por 3-1. Mas, neste caso, o jogo não tinha um caráter tão importante, por se tratar da última jornada da fase regular da MLS.

Não será esta partida que nos fará recordar este jogador, mas sim as suas presenças na Premier League onde, na minha opinião, foi um pilar na equipa do Everton, que só agora encontrou alguém para passar o testemunho.

Howard será recordado por ser um líder, um guardião que nunca ficava mal na fotografia, mesmo nas derrotas. Mas, principalmente, um senhor entre os postes!

Teremos saudades, Howard!

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

"Face da mudança" - Lucas Evangelista



Nesta última jornada de provas europeias estivemos em Guimarães, de olhos postos num Vitória Sport Clube que conquista cada vez mais protagonismo em Portugal.

O confronto entre os portugueses e os alemães do Eintracht Frankfurt foi intenso. O povo vimaranense inspirava e expirava cânticos a alto som, procurando promover os seus lutadores a autênticos Conquistadores.

Não é por ser português, mas o Vitória SC merecia outro desfecho. Lutou como um verdadeiro David mas, ainda assim, viu Golias aproveitar-se de uma pequena desconcentração para abater o “pequeno”.

Num grande jogo vitoriano, a maioria dos elementos da equipa esteve em destaque. Nomes como Sacko, Edwards e Mikel estarão dentro do lote das grandes estatísticas, mas preferimos destacar um atleta que já há poucos anos se apresentou aos portugueses. Falamos de Lucas Evangelista, o médio ofensivo que em 2017/18 esteve emprestado ao Estoril Praia, proveniente da Udinese.

O esquerdino brasileiro, de 24 anos, brilhou no último terço do terreno, frente à equipa de Frankfurt. Foi com a assinatura dele que muito do perigo ocorreu, fosse com os seus passes que queimavam metros ao adversário ou com a magia com que, aqui e acolá, fugia dos adversários - recordo-me mesmo de um movimento técnico entre dois atletas do lado visitante, onde Lucas Evangelista fugiu à marcação através de um túnel sobre um deles. Foi o suficiente para levantar o estádio.

Na altura em que foi apresentado no Vitória SC, lembrei-me dos seus momentos artísticos quando jogava pela zona centro do nosso país. Os golos e os momentos que facilmente criava sozinho, mesmo que isso o deixasse ficar com o papel de jogador individualista. Ainda assim, notava-se já uma qualidade diferenciada e, bem lapidado, podia tornar-se num jogador acima da média.

Pelo menos eu via isso.

Neste último jogo, em que me concentrei nos Conquistadores, vi um Lucas Evangelista deliciar-me com o mesmo pé esquerdo de sempre, mas com uma maturidade que não lhe era reconhecida há duas épocas atrás.

Até ao momento, o médio com características ofensivas leva um golo e duas assistências em sete jogos oficiais, aproximando-se assim rapidamente dos números obtidos na sua última passagem por Portugal.

Atrevo-me a dizer que o brasileiro me faz recordar Juan Fernando Quintero. Nas suas semelhanças e diferenças, entenda-se que o desejo em ver um artista “da bola” triunfar no nosso país e ser bem acarinhado é grande.

Com a saída de Portugal, perdi-lhe o rasto. Contudo, sinto-me motivado a olhar novamente para o seu percurso daqui em diante, agradecendo a Ivo Vieira por trazê-lo de volta e deixá-lo, mais uma vez, encantar-me.


Previsão de transferência: De momento, o Vitória SC não tem a totalidade dos seus direitos. O jogador veio a título de empréstimo com opção de compra, proveniente do clube francês Nantes.

O facto de ter retomado a Portugal, para além da iniciativa provável do treinador, faz-me acreditar que a sua vida fora desta liga não tem sido fácil. Foram 19 jogos num Nantes de um outro treinador português (Miguel Cardoso), onde apenas marcou um golo.

A sua vida parece estar nas mãos dos técnicos portugueses, sobretudo nas mãos do comandante da tripulação vitoriana que, caso não saia do clube, terá uma palavra a dizer no fim da época quanto à continuação ou não de Lucas na equipa portuguesa.

A meu ver, Lucas Evangelista terá o seu lugar de destaque em Guimarães e poderá ser uma importante ajuda numa época que se espera muito boa.

A seu tempo, considero que o melhor será confirmar que vale a pena o seu investimento. Prosseguir no Vitória SC, com sorte, com uma possível continuidade do técnico atual, seria a melhor solução para se continuar a afirmar, sobretudo a curto prazo.

Em boa verdade, não o entendo como jogador para saltar para um grande português, pois receio que possa viver entre o banco e a bancada, com dificuldades em conquistar o seu lugar. Mas é um jogador que se quer ver com bola e, no seu eventual crescimento de carreira, o melhor destino será sempre uma equipa que não tenha medo de assumir o jogo, à semelhança do Vitória SC de Ivo Vieira.

Último requisito? Uma equipa que se estabeleça anualmente em posições de disputar a segunda maior prova europeia, pelo menos.

Posto isto, que se mantenha bem acarinhado e que possamos acompanhá-lo semanalmente e a este Vitória SC que ainda nos vai surpreender mais.

Portugal faz-lhe bem!