O início desta semana não devia ser assim. Mas, face ao
momento do FC Famalicão, senti-me na obrigação de destacar um dos maiores
motores deste sucesso da equipa.
Bem conhecido pelos portugueses, pelas suas passagens
noutros clubes, Fábio Martins é o destaque da quinta edição de “Face da
mudança”.
Não é um novato do futebol. Em boa verdade, já leva muitos
anos de futebol português e já conhece, praticamente, os cantos todos do norte
do país.
Já lhe passou pelo coração o gosto de ser avense, castor e
transmontano, e cabe-lhe há muito o papel de guerreiro. Mas foi como tripeiro
que se iniciou, pelas mãos do FC Porto, em 2000, e só largou o clube após a
primeira época como sénior, que findou com 29 jogos e 2 golos pelos «bês».
Na atualidade, o coração palpita pelo povo famalicense, e
com o gosto que tem dado ao pé, pode muito bem estar a apaixonar-se
verdadeiramente, já que também os objetivos do clube estão a ser ultrapassados
de forma louca.
A vida enquanto promessa portuguesa já passou. Neste
momento, os seus 26 anos só podem garantir aquilo que ninguém viu quando o
deviam ter feito. Mas não deixa de poder vir a ter o momento de chamar a
atenção de clubes de maior dimensão.
Não, não falo de Barcelona, Real Madrid, Liverpool ou outros
gigantes do mundo. Falo sim de uma realidade sincera para um atleta que ainda
pode ter, pelo menos, sete anos de futebol a nível elevado.
O seu contrato continua nas mãos do SC Braga, mas acredito
que a qualquer momento haverá uma troca de papéis para um outro clube que lhe
possa garantir outro tipo de oportunidades e, de preferência, que o deixe
encontrar casa fixa.
Fábio Martins é um extremo esquerdo com qualidades que
encaixam de forma perfeita no meu gosto pessoal, que é também, a meu ver, o
gosto de um treinador que quer ter bola, que pretende jogar com as linhas
subidas, podendo assumir a metade do campo adversário, e com dinâmicas rápidas.
O português não é verdadeiramente rápido, mas dá que pensar
no conceito de “falso lento” quando se destaca a sua qualidade.
Na forma como pensa o jogo, é mais rápido com a cabeça do
que com o corpo, e aproveita a sua agilidade para se tornar imprevisível,
sobretudo nas situações de um para um.
Na base das suas melhores qualidades, tem que se destacar a
facilidade com que pode desbloquear um jogo. Para o jogo jogado, usufrui dos
seus atributos formatados para extremo, de acordo com o que o treinador lhe
pede, nomeadamente: dar largura à ala, acompanhar a jogada ofensiva em
situações de superioridade e partir para o um para um, quando assim for
necessário. Já frente a um adversário mais recolhido no seu meio campo, Fábio é
um extremo que pode muito facilmente ter características de avançado interior –
e até lhe atribuiria melhor esse papel –, com uma qualidade de remate de longe
bem acima da média, no que toca à nossa Liga NOS, que pode assim desbloquear
uma defesa mais complicada de atravessar.
O pior papel que lhe pode mesmo ser atribuído é o do
processo defensivo, onde existem algumas arestas a lapidar, mas que certamente
o jogador vai trabalhando em seu benefício.
Previsão de
transferência: Como disse, obviamente não se espera que aos 26 anos o
atleta encontre o caminho de sonho de qualquer jogador e miúdo que queira ser
jogador de futebol, jogando num clube de topo mundial.
Ainda assim, existe um clube de nível superior na Europa que
podia muito bem colocar Fábio Martins nos seus quadros.
Falo claramente da Olympiacos FC, onde muitos outros
jogadores portugueses ou conhecidos do futebol português, se assumiram e
ajudaram ao sucesso da equipa grega, que tem uma forte influência no campeonato
e demonstra-se bastante assídua na maior prova da Europa.
Esta situação de transferência seria positiva no seu
currículo, mas também poderia trazer um reverso naquilo que podem ser os seus
objetivos pessoais e profissionais.
A Olympiacos FC seria a grande oportunidade para o extremo
rechear o seu palmarés, dado que o clube se apresenta sempre como um dos maiores
favoritos a triunfar nas provas domésticas. Para além disso, a habitual
presença do clube grego na Liga dos Campeões promoveria a Fábio Martins a
oportunidade de se mostrar nos maiores palcos europeus.
Em contradição a todos os fatores positivos da sua
deslocação para a Grécia, o português teria que se consciencializar que, no
clube em destaque, se torna difícil promover para um outro grande europeu –
são poucas as situações em que um atleta consegue promover-se da Olympiacos FC
para um outro grande, tendo-se já assistido também a situações em que o
jogador acaba por regressar a Portugal, para um clube de meio da tabela ou até de posição inferior.
Sair de Portugal pode, muitas vezes, ser o pior cenário para
um jogador português, e não é isso que pretendemos ver para Fábio Martins.
Gostava que fosse, finalmente, assumido o seu lugar no SC
Braga, mas torna-se muito difícil conquistar a posição quando o seu maior
“adversário” é Ricardo Horta.
Quem sabe, se o futuro não passará pelo SC Braga, novamente,
ou um outro clube português de nível europeu; talvez um outro candidato a
campeão noutra liga europeia, ao nível grego, croata ou mesmo turco.
Por agora, prefiro que desfrute do seu momento e consiga
ser um dos maiores destaques desta época do FC Famalicão, que promete ser
bastante positiva.

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