segunda-feira, 9 de setembro de 2019

"Fim de cena" - Fernando "El Niño" Torres


Mais um anúncio triste para o mundo do futebol, que nos leva a falar sobre o fim de cena de El Niño, sendo um dos maiores abandonos ao desporto rei, na minha opinião.

Nasceu em Fuenlabrada, uma cidade de Madrid, e como qualquer criança, interessou-se pelo futebol a partir dos 5 anos de idade, tendo sido a série japonesa do Captain Tsubasa o motivo dessa aventura.

Na verdade, o desejo de ser guarda-redes nessa época era muito mas, após quebrar alguns dentes, sua mãe sugeriu que seguisse os passos do seu irmão (avançado) ou que desistisse do futebol.

Para não perder esse interesse, subiu no terreno e jogou regularmente no clube do seu bairro, Mario’s Holland. Com 11 anos de idade, impressionou olheiros e o Atlético de Madrid inseriu-o nas suas camadas jovens, em 1995.

Nos sub15, Torres já se destacava comparativamente aos seus colegas, e foi em 1999 que assinou o seu primeiro contrato profissional com o clube do coração.

A estreia pela equipa principal foi aos 16 anos, mas antes desse momento chegar, sofreu uma lesão grave que o manteve de fora até Dezembro de 2000.

Foi então que finalmente entrou em palco, no Vicente Calderón, frente ao Leganés, a 27 de Maio de 2001, e, na semana seguinte, já fazia abanar as redes adversárias, mas o Atlético haveria de descer de divisão.

No ano seguinte, o clube madrileno vencia a segunda liga, retornando à La Liga, e a cada ano que passava Fernando aumentava o número de golos, sendo um destaque aos 19 anos não só pelos seus 19 golos em 35 partidas disputadas, como também por ser nomeado como capitão do seu clube de infância!

Na época 2005/2006, o Atlético já ouvia propostas de Chelsea e Newcastle, sendo que o Liverpool se juntou à corrida, após a participação do jovem jogador espanhol no Mundial 2006.

No dia 4 de Julho, a transferência concluiu-se e a sua despedida perante os adeptos foi realizada. Por uma verba de 36M€ (o valor mais alto da história, até à data), o Liverpool arriscou as fichas neste jovem e estreou-se frente ao Aston Villa, a 11 de Agosto de 2007.

Nesta sua primeira época no clube, Torres fez história na Premier League. Foi o goleador de serviço, com 24 golos, quebrando o recorde do jogador estrangeiro a marcar mais golos na primeira época, que pertencia a Van Nistelrooy.

Mesmo com uma renovação, o espanhol estava insatisfeito no clube e mudou de ares.

Deixou de ser um Red, totalizando 142 jogos e 81 golos, e mudou-se para os Blues, mais conhecido por Chelsea, no último dia do mercado, a 31 de Janeiro de 2011, por uma quantia de 58M€.

A sua vida com os golos nunca esteve tão difícil, e mesmo com 13 jogos consecutivos sem descobrir esse sabor, ele manteve-se focado e nunca desistiu de os procurar. Conquistou uma Champions League e a Copa de Inglaterra na época 11/12, salvando assim as dúvidas sobre as suas performances.

Com a saída de Didier Drogba, Fernando Torres assumiu-se na equipa e aproveitou o arranque da nova temporada para conquistar a Supertaça Europeia. No entanto, sempre que algo de negativo acontecia, ele era o culpado. No final da taça mundial de clubes, as oportunidades claras de golo foram desperdiçadas por El Niño.

No entanto, iria redimir-se, sendo o maior goleador da Liga Europa, sagrando-se pela primeira vez campeão com o clube nesta competição.

Foi emprestado ao AC Milan, onde meses depois rescindiu com o clube de Inglaterra e ficou definitivamente em Milão.

No entanto, o que mais me recordo foi o seu regresso a casa.

No dia 29 de Dezembro de 2014, novamente por empréstimo, foi recebido por 45.000 adeptos, agradecendo a alto e bom som a todos os que tornaram isto possível.

A sua estreia seria frente ao rival da capital, jogo a contar para a Copa do Rei, onde o próprio seria fundamental na eliminação do adversário, com um golo, terminando em 2-1.

Com a saída de Mandzukic e a claque satisfeita com o seu desempenho, o espanhol formou dupla com o francês Griezmann, colocando o Atlético na final da Champions, em 2016.

Passados os dois anos de empréstimo, o clube contratou-o a título definitivo por uma época, mas uma lesão chegaria para o atormentar. Ainda assim, o pior cenário não surgiu, podendo jogar livremente futebol.

No dia 21 de Maio de 2018, o jogador fez a sua última partida pelo Atlético de Madrid, marcando dois golos, frente ao Eibar. E quase um mês depois, foi anunciado no Sagan Tosu, clube japonês.

Com esta transferência, seria de esperar que a sua rota estaria a chegar ao fim, e foi mesmo em Agosto deste ano que El Niño pendurou as botas, para sempre!

A seleção espanhola ganhou muito com este jogador, que lhes garantiu golos e títulos na sua hegemonia europeia e mundial. Juntos conquistaram o Europeu de 2008, o de 2012 e o Mundial de 2010, ainda que, na última conquista, tenha sido menos utilizado devido à sua lesão, semanas antes da competição começar.

Com 110 internacionalizações e 38 golos pela seleção, considero este jogador um dos fortes pilares desse início de ouro espanhol, por ser temível nos últimos 30 metros. Quando a sua confiança estava no auge, nada o travava.

Poucos podem recordá-lo pelos falhanços no seu declínio na carreira profissional, mas eu sempre lembrarei de como ele era apaixonado pelo jogo e pelo seu clube do coração, onde nunca deixou ninguém “morrer na praia”, procurando contribuir para o sucesso do clube madrileno.

Vai deixar saudades!

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