quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Luís Castro preferiu o espetáculo de Liga dos Campeões. E sofreu com isso!

SHAKHTAR DONETSK vs MANCHESTER CITY
Liga dos Campeões (1ª jornada) - 18/09/2019

Em tantos jogos grandes desta semana, como o caso do Atlético de Madrid e da Juventus ou do Paris Saint-Germain e do Real Madrid, realçando ainda um surpreendente jogo de futebol feminino, entre o Sporting CP e o SC Braga, que me deixou água na boca para acompanhar mais a Liga BPI - num futuro, acredito que possa expor uma análise a um jogo da mesma divisão -, a minha decisão final submeteu-se ao encontro entre um dos melhores treinadores do mundo e um dos treinadores portugueses que mais me dá gosto ver a orientar.

Era um facto garantido que a equipa de Pep Guardiola ía ter mão sobre esta partida, demonstrando todo o seu favoritismo. Mas, como bom português (e sei que do outro lado estava Bernardo Silva e Cancelo), gosto de acreditar que os nossos, neste caso o técnico Luís Castro, serão capazes de se afirmar perante os melhores.

Tinha interesse em ver Konoplyanka a jogar de início e, obviamente, Bernardo Silva do lado inglês, mas os meus interesses começaram bem sentados no banco de suplentes.

Para além disso, sem contar, dou por mim a ver Artur Soares Dias como árbitro principal da partida.

Bem, passemos ao jogo em si, verdadeiramente.

O início do jogo prometia. A equipa de Manchester subia e os de Donetsk respondiam.

O Manchester City assumia em maior número as oportunidades no último terço adversário, mas ía tendo um Shakhtar sorrateiro com intenções de surpreender, com ligações e pormenores interessantes.

Por fim, em jogada de insistência, chega aos 24 minutos o primeiro golo da partida.

Gabriel Jesus mostrou que um ponta de lança não tem, necessariamente, que rematar à baliza e marcar golos para ser influente. O brasileiro serviu Gündoğan para um remate em jeito que embateu no poste, ressaltando para os pés do argelino Riyad Mahrez, que findou a jogada com golo.

Aos 29', Rodri viu o cartão amarelo numa falta que, numa arbitragem mais exigente, podia ter assumido outras consequências. 

Sinceramente, achei o toque do atleta um pouco duro.

No seguimento do jogo, o Shakhtar teve um lance na área do adversário que lança várias dúvidas e que dava para discussão durante horas - certamente o VAR teve as suas dificuldades na análise.

O lance era duvidoso, mas não houve qualquer falta assinalada.

Este parecia estar a ser o melhor momento dos ucranianos.

Numa jogada de belo efeito, faltou frieza ao último homem para colocar a bola fora do alcance de Ederson. Ao invés disso, a bola embateu na mancha que o guardião adversário impôs.

Posto isto, a equipa de Luís Castro rondava o empate a um golo. Contudo, o segundo golo chegaria para a equipa de Pep Guardiola, pelos pés do médio alemão.

Gündoğan marcou o golo, mas volta a ser Rodri a estar em destaque. O médio, recém chegado ao clube, inicia a jogada com um passe vertical a vinte metros, que encontrou Mahrez como destinatário. Daí, o extremo argelino partiu para dentro, numa das suas incursões habituais, rendeu o número 8 da equipa e este só teve que colocar a bola nas malhas interiores da baliza.

Gera-se a pequena dúvida, terá sido obra do médio a colocação da bola no poste menos distante da baliza ou o desequilíbrio obrigou-o a tal? 

O jogo aproximava-se do intervalo e as linhas subidas do Shakhtar começavam a gerar deficiências.

Minuto antes do intervalo, houve um momento de transição ofensiva pelo clube ucraniano, que terminou com Gabriel Jesus e Kevin De Bruyne a aproveitarem o espaço deixado no eixo defensivo, demonstrando esse buraco que se começava a criar com o desgaste físico da equipa. No fim, apenas faltou maior acerto ao remate do belga.

Foi uma situação de aflição para os comandados do português, que podem muito bem agradecer a De Bruyne por ainda estar de pé morno.

Intervalo: 0 - 2.

A segunda parte trouxe outro tipo de jogo. Não muito longe do estilo disputado no primeiro tempo, mas com outro tipo de controlo sobre as situações de jogo.

Luís Castro lançou o ucraniano Konoplyanka para os restantes 45 minutos, em substuição de Salomon.

Sinceramente, desta vez, Yevhen não trouxe nada de mais ao jogo.

A partida parecia mais controlada nas tomadas de decisão de ambas as equipas e, portanto, não havia maneira de poder esperar muito mais do jogador que entrou.

Ainda que com subidas de terreno menos constantes por parte dos visitados, o Manchester City continuava a encontrar espaços importantes nas costas dos defesas e aos 58' tiveram mesmo uma excelente oportunidade para expandir a sua vantagem na partida.

As situações continuavam a surgir para o lado inglês, já que o Shakhtar parecia recair um pouco na sua capacidade física.

Não fosse um fora de jogo milimétrico e Otamendi confirmaria a vitória inglesa ao primeiro quarto de hora da segunda parte.

O argentino ganhou coragem para um lance pouco habitual seu e, através do pontapé de bicicleta, assinou um golo que rapidamente foi anulado por posição irregular.

Diz-se que depois da tempestade vem a bonança.

Os caseiros, após um momento de menor ritmo, pareciam revitalizar-se e voltavam à carga sobre o meio campo adversário.

Infelizmente, após a tempestade, a bonança surgiu novamente para o lado visitante.

O desgaste físico do sistema de jogo apresentado pelos ucranianos teve o seu pico por esta altura, já que a própria equipa não teve capacidade para se reagrupar após a perda da bola.

Kevin De Bruyne e Gabriel Jesus assumiram o contra-ataque da equipa, novamente, mas desta vez foi o brasileiro quem assumiu a tarefa de finalizar a jogada. Como mandam as regras, Jesus largou a bola no momento certo e rente ao chão, encontrando o caminho do triunfo inglês em casa alheia.

Os últimos quinze minutos da partida não trouxeram nada mais de relevante para os quadros da partida.

Shakhtar Donetsk 0 - 3 Manchester City


SHAKHTAR DONETSK

Luís Castro é, com todo o respeito, o culpado maior desta derrota. A sua vontade de garantir um espetáculo digno de Liga dos Campeões deixou a sua equipa fragilizada no setor mais recuado do terreno.

O técnico português quis assumir o papel de campeão e esquecer de vez as diferenças entre a sua equipa e o adversário, e isso ainda lhe garantiu uma percentagem de posse de bola ao nível dos 50%.

Não desgostei da sua ideia de jogo. É mesmo devido a este tipo de atitudes que o admiro, mas acaba por nestas situações ser derrubado.

A intenção era boa: Castro queria fazer frente à equipa de Manchester sem ter que "estacionar o autocarro". Esta estratégia tinha pés e cabeça, porque os seus atletas têm também muita qualidade, mas obrigava a que os mesmos estivessem na condição física necessária para aguentarem a intensidade das suas dinâmicas.

A equipa do Shakhtar Donetsk demonstrou ter um papel de alta intensidade entre as obrigações defensivas e as transições rápidas a que já estamos habituados, que por muitas vezes foram efetuadas a dois ou três toques.

Este tipo de dinâmicas pode muito bem ser utilizado no clube ucraniano, já que conta com o experiente Taison, o Marlos, e outras referências importantes nas alas e a meio campo que podem fazer a diferença. Contudo, para um jogo frente a um adversário com um nível coletivo superior e com qualidade para assumir a mesma estratégia, a equipa do Shakhtar acaba por sentir outro tipo de dificuldades que até à altura desconhecia, provavelmente.

A maior dificuldade disto tudo chegou na segunda parte, aquando do golo de Gabriel Jesus, que demonstrou o desgaste assumido pela equipa ucraniana, ao ter abordado este sistema de jogo. Na primeira parte surgiu também uma situação semelhante ao último golo, mas Kevin De Bruyne não atingiu a baliza de Andriy Pyatov.


MANCHESTER CITY

Rodri tornou-se a minha maior referência da partida e, estranhamente, ou não, acredito que o espanhol está bem assente naquilo que Guardiola espera de um número 6: disponibilidade física, qualidade em sair a jogar e persistência. No máximo, dispersa um pouco da perfeição das intenções do técnico devido à ausência de um toque de bola mais curto.

Acho um pouco estranha a sua situação (não negativamente) porque é um jogador com um passe mais vertical e vertiginoso, o que vem ultrapassar um pouco a questão de passe curto e simples que o técnico, por exemplo, apresentava no tiki-taka de Barcelona.

Se com 23 anos já assume um papel preponderante na construção do Manchester City, imagine-se daqui a dois ou três anos.

Quanto ao jogo jogado pelo Manchester City, nada me surpreendeu.

Pep tem jogadores de enormíssima qualidade a seu dispor e, portanto, acredito que a sua maior dor de cabeça seja gerar a convocatória para os jogos da equipa.

Acredito que após a derrota frente ao Norwich a exigência de Guardiola tenha sido máxima, e por isso este jogo tornou-os mais favoritos, pela força emocional.

Se houvesse algo a repensar nesta equipa do espanhol, talvez passasse pelo futuro do eixo centro-defensivo da equipa.


Sou da opinião que Portugal tem um bom, se não excelente, leque de treinadores.

Podia ser chamado de louco quando cruzo a ideia que o futebol português pode ser, também, uma referência do tão desejado "Quinto Império" que tanto Luís Vaz de Camões como Fernando Pessoa previam para Portugal.

 Até à próxima jornada,
FL 

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